em Jornal do Brasil
por Fernanda Prates
RIO DE JANEIRO - Ascensão, queda e redenção. Dignos de um herói da mitologia grega, os três momentos traduzem a trajetória do paulista Demian Maia no UFC. Se suas cinco vitórias por finalização não haviam bastado para ofuscar a inesperada derrota para Nate Marquardt, o lutador de 32 anos se redimiu de vez nas últimas semanas. Após uma vitória sobre Dan Miller no UFC 109, em fevereiro, ele recebeu a notícia de sua carreira: irá substituir Vitor Belfort na luta contra Anderson Silva pelo cinturão dos pesos médios, no UFC 112, dia 10 de abril. Uma grande responsabilidade para o lutador, que admite estar mais preparado agora.
– Foi um sonho. Eu sempre quis lutar pelo título – declarou Maia. – E a disputa chegou num bom momento. Porque talvez um ano atrás eu fosse menos experiente. Agora passei por lutas importantes. A chance veio na hora certa.
Boas coisas vêm para aqueles que esperam. Após acumular 12 vitórias - contra apenas uma derrota - em sua carreira no MMA, Maia finalmente terá a chance de tentar conquistar o cinturão que Anderson Silva já conseguiu defender seis vezes - um recorde no UFC. O título, no entanto, não ficaria desacompanhado na estante de Maia - cinco vezes campeão mundial de jiu jitsu e campeão mundial de grappling. Apesar do domínio invejável da "arte suave" - que lhe rendeu a reputação de melhor lutador de chão do octógono -, Maia já tinha o olho no MMA desde criança, quando começou a praticar lutas.
– Quando vi meu primeiro vale-tudo, em 91, vi nomes como Ralf Gracie, Renzo Gracie e Marcelo Bering lutando e pensei "eu quero fazer isso, quero me testar nisso" – lembra Maia. – Nunca fui e não sou de brigar, mas, desde a faixa branca, eu já queria fazer vale-tudo.
Centrado, Demian se espelhou em bons exemplos dentro e fora dos ringues para manter o desempenho e a cabeça no lugar. No jiu jitsu, ele ressalta a figura de Rickson Gracie - uma verdadeira lenda da "arte suave". No MMA, ele destaca Minotauro e Wanderlei Silva, pioneiros do vale-tudo nacional.
– Eles são duas estrelas carismáticas que abriram as portas para todos os brasileiros. – elogia Maia.
O legado desses atletas transcende os ringues. Conhecidos pelo amor ao esporte e atitude positiva, eles são responsáveis por ajudar a desmistificar cada vez mais a figura do lutador turrão. A briga contra a imagem negativa do MMA encontra mais um representante em Maia, cuja técnica preferida na hora da luta é finalizar o adversário sem machucá-lo ou machucar a si mesmo. Uma causa nobre para um lutador que não vê mais cabimento no estereótipo do lutador brigão.
– Não conheço nenhum lutador ruim fora do ringue - declara Demian. – Com todo o assédio no exterior, o atleta pode até ficar arrogante se não tiver uma boa cabeça. Mas eu, pelo menos, não conheço nenhum lutador agressivo pessoalmente.
Tanto é que, para Demian, a violência não é o principal problema na divulgação do MMA no Brasil.
– O problema é que a gente ainda tem um pouco de complexo de vira-lata aqui no Brasil. Não valorizamos o que é nosso, tanto que o jiu jitsu brasileiro não tem cobertura nenhuma – critica Maia. – Além disso, não há uma cultura do esporte, as pessoas não aprendem desde cedo a gostar de coisas além de futebol. O estigma da violência, no entanto, está sumindo.
Quanto a seus objetivos daqui pra frente, Maia é bem claro:
- Quero ser campeão do peso. Tenho que me testar de tudo quanto é maneira.
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