quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Artigo - MMA causa menos lesões graves do que o boxe



no blog Mano a Mano, de Guga Noblat 

Por Leandro Paiva, colaborador especial do blog "Mano a Mano", e autor do livro Pronto Pra Guerra: 

Aproveitando a mais recente entrevista do meu amigo Rogério Camões (veja aqui), na qual ele comenta sobre a recuperação do campeão do UFC, Anderson Silva, que teve de realizar uma cirurgia no cotovelo, resolvi apresentar os dados de um estudo realizado para identificar a incidência de lesões em eventos de MMA sancionados por comissão atlética.

Os dados sobre as lesões foram colhidos baseando-se no relatório do médico responsável presente em cada evento. No total, verificou-se o índice de lesões acometidas em 171 combates. Estatisticamente, a taxa de incidência de lesões foi de 28,6 lesões para cada 100 combates.
Diferente da situação do lutador Anderson Silva que apresentou histórico de lesão em longo prazo - lesão crônica -, não foram significativas as lesões no cotovelo, conforme os dados que seguem (Obs.: lesões com base no segmento anatômico):
1) Face - 47,9% (em função de lacerações ou cortes);
2) Mão - 13,5%;
3) Nariz - 10,4%;
4) Olho - 8,3%;
5) Ombro - 5,2%;
6) Joelho - 3,1%;
7) Cotovelo - 2,1 %;
8) Tornozelo - 2,1%;
9) Costas - 2,1%;
10) Pé - 1,0 %;
11) Pescoço - 1,0 %;
12) Orelha - 1,0 %;
13) Maxilar - 1,0 %;
14) Braço - 1,0%.
É interessante ressaltar que no MMA, comparado ao Boxe, existem poucas ocorrências de vitória por nocaute (KO). Uma vitória por KO geralmente implica que o adversário foi golpeado na cabeça com força suficiente para causar perda de consciência.
Em contraste, uma vitória por nocaute técnico (TKO) ocorre quando o árbitro pára a luta, para preservar a integridade física do atleta, independentemente de seu estado de consciência.
Um atleta que não consegue se defender adequadamente em razão de cansaço ou lesão justifica a interrupção pelo árbitro, inferindo em vitória por TKO para o lutador vencedor. No Boxe, simplesmente atingir o adversário na cabeça não é suficiente para o árbitro paralizar a luta.
Submeter um adversário utilizando golpes de finalização inerentes do Jiu-Jítsu, também é relativamente comum no MMA, contribuindo para o fato de que, aproximadamente 1/4 dos combates terminam sem KO (minimizando as probabilidades de lesões cerebrais posteriores).
De fato, segundo os autores desse estudo realizado para identificar a incidência de lesões no MMA, no Boxe ocorre o dobro de incidência de combates que terminam em função de um KO, comparando ao MMA.
Em suma, os autores concluíram o estudo afirmando que, apesar da relevante incidência de lesões, sobretudo na face em razão de cortes ou lacerações, o MMA é uma modalidade profissional relativamente menos nociva para o atleta, em comparação com o Boxe Profissional.
Leandro Paiva é professor de educação física e autor do livro Pronto Pra Guerra.  Já auxiliou na preparação de atletas de ponta como Ricardo Arona e Bibiano Fernandes. Ele colabora com o blog "Mano a Mano", semanalmente. Para saber mais sobre o autor e o livro entre emhttp://www.prontopraguerra.com.br/